Sobre as terapias reparativas para Gays


ESCRITO POR LUCIANO GARRIDO |
28 FEVEREIRO 2013


ARTIGOS - CIÊNCIA

Não há qualquer estudo sério que invalide as
 terapias reparativas. O

 que há, sim, é muita pressão política,
 terrorismo intelectual,

 intimidação e cerceamento de liberdades.

Muito do que se diz contra a chamada “terapia
 reparativa”, aquela em
 que homossexuais buscam apoio
 especializado para largar a atração

 pelo mesmo sexo, não passa de puro 
preconceito. Não existindo

 consenso científico sobre as prováveis 
causas do homossexualismo,
 quem quer que declare a priori a 
impossibilidade de uma reorientação
 das tendências sexuais estará emitindo 
apenas um palpite – e, na
 verdade, um palpite contra todos os indícios.
travestis que, abandonando suas

 práticas homossexuais, passaram a viver 
uma heterossexualidade plena
 e ajustada dentro de uma família estável. 
Mesmo que se alegue que tais
 mudanças, em grande parte, ocorreram no
 contexto de uma crença
 religiosa, com o apoio espiritual de sacerdotes
 ou pastores, eis aí um
 dado de realidade com o qual os estudiosos 
do comportamento humano
 precisam se haver. Varrer fatos para debaixo
 do tapete, definitivamente,
 não é uma fórmula de sucesso para
 pesquisadores sérios.
joide
Joide Miranda, ex-travesti em Milão, Itália,
 hoje com sua esposa, Edna, e seu filho.

Deixando de lado as hipóteses de intervenção 
miraculosa pelo poder da
 fé, que não costumam ser bem aceitas no 
meio intelectual e acadêmico
, o que se espera dos psicólogos é que 
elaborem explicações científicas
 para as mudanças de orientação sexual
 relatadas, ao invés tentarem
 reduzir o debate a um plano político e
 ideológico, como fazem alguns
 pseudo-psicólogos do Conselho Federal de 
Psicologia. Se a ignorância
 não é uma boa conselheira na tomada de 
posição sobre certo assunto,
 tampouco o são os preconceitos ideológicos.
 Preconceitos por
 preconceitos, cada qual que fique com o seu.
Levantar suspeitas sobre a eficácia das 
terapias que propõem a reversão
 de tendências homossexuais tem sido 
também um recurso bastante
 usual entre ativistas. Embora eu não acredite
 que seja esse o caso das
 terapias reparativas, é preciso reconhecer 
que, quando o assunto é
 eficácia, muitas são as abordagens 
psicoterápicas passíveis de
 questionamento, sem que isso, porém, tenha
 justificado a adoção de
 medidas drásticas. Um bom profissional sabe
 que nem todo método
 terapêutico obtém resultado satisfatório para
 todos os clientes e (ou)
 para todos os tipos de queixa. Portanto, se é 
verdade que um psicólogo
 não pode prometer mudança total e definitiva 
na orientação sexual de
 ninguém, isso se aplica igualmente a toda e 
qualquerdemanda que lhe
 chega ao consultório. E aqui cabe um 
esclarecimento.
Diferentemente da medicina, em que o 
indivíduo, como regra, se
 submete de maneira passiva ao tratamento 
prescrito (daí chamar-se
 “paciente”), a psicoterapia requer, além do 
mero consentimento, uma
 atitude inteiramente pró-ativa por parte do 
cliente. Sem um ato de
 vontade que implique, entre outras coisas, 
esforço, disponibilidade,
 colaboração e perseverança, e mais: sem 
atributos cognitivos que
 proporcionem uma capacidade mínima de 
elaboração e autopercepção,
 torna-se praticamente impossível estabelecer 
um processo terapêutico
 que atinja resultados tangíveis para o cliente.
 Por tudo isso, os
 psicólogos não podem prometer, sob hipótese

 alguma, cura de  psicopatologias ou 

transformações  espetaculares da 

personalidade.
 Quando muito, é possível alimentar certas 
expectativas, e isso é tudo.
Apesar das terapias reparativas serem 
práticas clínicas relativamente
 novas, seus fundamentos teóricos estão 
assentados sobre uma longa
 tradição de base analítica. O próprio método 
psicanalítico do dr. Freud,
 que é considerado a matriz de quase todas as
 técnicas psicoterápicas
 que lhe sucederam, foi concebido 
teoricamente a partir de uma prática
 clínica inovadora e experimental, à margem 
dos centros acadêmicos de
 pesquisa, e cujo desenvolvimento se deu de 
forma bem paulatina,
 partindo da hipnose clássica até o atual 
método da associação-livre.
Portanto, não existem na praça psicoterapias 
que tenham surgido já
 prontas e acabadas. Aliás, no decurso
 evolutivo do que chamamos de
 Psicologia Clínica, inúmeras foram as 
tentativas frustradas e diversos
 os erros cometidos. Não obstante, sempre

 existiu por parte dos
 profissionais pioneiros a convicção de que
 todo esforço empreendido
 para tornar a existência humana menos 
sofrida e desajustada deve ser
 acalentado, desde que não se perca de vista 
o respeito à integridade
 física e moral do ser humano.
Sendo assim, para que uma prática 
terapêutica seja considerada
 eticamente condenável, é preciso atender 
pelo menos uma das três
 condições a seguir: (i) ausência completa de 
fundamentação teórica, (ii)
 utilização de métodos e técnicas que atentam
 contra a dignidade
 humana e (iii) incidência de efeitos 
iatrogênicos estatisticamente
 relevantes. Até o momento, não há qualquer 
estudo sério que, sob tais
 aspectos, invalide as terapias reparativas.
 O que há, sim, é   muita pressão política, 
terrorismo intelectual, intimidação e 
cerceamento  de liberdades.
 de que as terapias para
 reorientação sexual violam direitos humanos, 
uma vez que, segundo
 eles, reduziriam a autoestima dos
 homossexuais e contribuiriam para
 sua estigmatização social. Mas, se esse 
argumento for levado realmente
 a sério, nada mais poderá ser tratado pelos 
psicólogos clínicos. 
 tratamento da fobia estigmatizaria o fóbico;
 o tratamento da timidez, 
o tímido; da ansiedade, o ansioso; da
 obesidade, o obeso; da depressão,
 o deprimido; do autismo, o autista; e por aí
 vai, até que todos os   consultórios fossem
 fechados e restasse apenas o Conselho 
Federal de  Psicologia lá em Brasília, fazendo
 da política a sua razão de ser.
Na verdade, por trás das opiniões contrárias 
às terapias reparativas há
 um equívoco bastante difundido, que é o de
 considerar a
 homossexualidade como um fenômeno único,
 de características
 uniformes, a partir das quais seriam possíveis
 as generalizações. 
O que se observa no mundo real, entretanto, é
  uma multiplicidade de  formas de sentir,
 entender e manifestar a homossexualidade, e
 não  raras vezes ela está atrelada a uma 
constelação de traumas psíquicos
 e  conflitos emocionais cuja origem remonta
 a fases primitivas do  desenvolvimento.
 Estamos falando de uma
 homossexualidade neurótica
 em que a atração pelo mesmo sexo, em 
última análise, revela-se como
 um dos sintomas de desordens variadas na
 identidade de gênero.
Bem sei que esse aspecto multifacetado da 
homossexualidade tem sido
 sistematicamente omitido pelos 
propagandistas do movimento gay. 
Eles  já perceberam que a melhor maneira de
 reunir pessoas em torno de  uma bandeira 
política é forjando-lhes uma identidade fictícia,
 mesmo  que em sacrifício da diversidade que
 tanto pregam.



Luciano Garrido
 é psicólogo e especialista em direitos humanos. Edita o 

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